Análise de Maquiavel

2048 palavras 9 páginas
Resumo P1 ERP

Nicolau Maquiavel: O cidadão sem fortuna, o intelectual de virtù
Maquiavélico e maquiavelismo são adjetivo e substantivo que estão tanto no discurso erudito, no debate político, quanto na fala do dia-a-dia. “O maquiavelismo serve a todos os ódios, metamorfoseia-se de acordo com os acontecimentos, já que pode ser apropriado por todos os envolvidos em disputa. É uma forma de desqualificar o inimigo, apresentando-o sempre como a encarnação do mal. Personificando a imoralidade, o jogo sujo e sem escrúpulos, o “maquiavelismo” ou melhor, o “antimaquiavelismo” tornou-se mais forte que Maquiavel. É um mito que sobrevive independente do conhecimento do autor ou da obra onde teve origem.” (Claude Lefort).
A contraface da versão expressa no “autor maldito”, responsabilizado por massacres e por toda sorte de sordidez, é sua reabilitação. Para a construção deste retrato acorreram filósofos da estrutura de Rousseau, Spinoza, etc.
A procupação de Maquiavel em todas as suas obras era o Estado. Não o melhor Estado, aquele tantas vezes imaginado, mas que nunca existiu. Mas o Estado real, capaz de impor a ordem. Seu ponto de partida e chegada é a realidade concreta – Daí a ênfase na verità effetuale – a verdade efetiva das coisas. Esta é sua regra metodológica: ver e examinar a realidade tal como ela é e não como se gostaria que fosse. A substituição do “deve ser”, que marcara a filosofia anterior pelo “ser”, da realidade, leva Maquiavel a se perguntar: como fazer reinar a ordem, como instaurar um Estado estável? O problema central de sua análise política é descobrir como pode ser resolvido o inevitável ciclo de estabilidade e caos. Trata-se de uma indagação radical e de uma nova articulação sobre o pensar e fazer política. A ordem, produto necessário da política, não é natural. A ordem tem um imperativo: deve ser construída pelos homens para se evitar o caos e a barbárie, e uma vez alcançada, ela não será definitiva, pois há sempre a ameaça de que seja desfeita.

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