Análise de Crash - No Limite
"Em Los Angeles ninguém te toca. Estamos sempre atrás do metal e do vidro. Acho que sentimos tanta falta desse toque, que batemos uns nos outros só para sentir alguma coisa." (Frase de Crash). Crash, lançado em 2004, é um filme que retrata uma sociedade preconceituosa. Este, no entanto, não é a clássica fórmula Branco-Negro, mas uma realidade multicolorida e complexa: negros, brancos, muçulmanos, latinos, pobres, ricos.
Tudo começa a partir do roubo de um carro de uma mulher rica. A partir de então, uma série de incidentes faz habitantes de diversas origens étnicas e classes sociais de Los Angeles se aproximarem: um veterano policial racista e seu jovem parceiro passivo em relação as suas atitudes; um detetive negro e seu irmão traficante de carros roubados; um bem-sucedido diretor de cinema negro que finge ser budista para não ter exposto sua origem afro-descendente; um imigrante persa que possui um pequeno comércio que vive sendo assaltado; um trabalhador latino que luta para sustentar sua família. Todos estão na cidade como peões num intrigado tabuleiros de emoções que afloram conforme eles se encontram, ou melhor, se esbarram no acaso da vida do dia-a-dia. Nesses encontros, os personagens tomam consciência de quem realmente são e a maneira como conduzem suas vidas, muitas vezes patéticas.
O filme trata não só do preconceito com negros, mas do preconceito interrracial, contra doentes, obesos e pobres. No final, o jovem policial julgado ser livre deste sentimento ruim é responsável pela cena mais chocante de todo o filme.
Podemos comparar algumas cenas do filme, com momentos da Obra Literária “O Cortiço”. O contexto de que não existe nenhum personagem bom, é presente tanto na Obra literária quanto no Filme onde acreditamos que o jovem policial seja bom e que no final nos surpreende. Além disso, pode-se observar que o meio em que o policial se encontra transforma-o da mesma forma presente no personagem do livro ”Jerônimo”, que é “abrasileirado”