Análise da Obra "Discurso sobre as Ciências" de Boaventura de Sousa Santos
1. INTRODUÇÃO
A obra “Um discurso sobre as Ciências” retrata a crise de identidade das ciências na atualidade, analisa aspectos históricos das ciências naturais e sociais e, borda o contexto cientifico atual e as perspectivas para o futuro.
Inicialmente, Boaventura preconiza a existência de uma fase de transição entre “tempos” científicos. No intuito de facilitar a compreensão, o autor, faz alusão a Rousseau. Na obra “Discours sur Le Sciences et lês Arts”, de 1750, Rousseau buscou respostas por meio de perguntas elementares e simples. A obra em comento estrutura-se da seguinte maneira: caracteriza a ordem científica hegemônica; analisa, sob condições teóricas e sociológicas, a crise dessa hegemonia; propõe um perfil de uma ordem científica emergente, novamente sob condições teóricas e sociológicas.
1.2. O PARADIGMA DOMINANTE
Tratada na obra como “O paradigma dominante”, a ordem científica dominante, reflete o modelo de racionalidade herdado do século XVI e consolidado no século XIX. Assim, essa nova racionalidade científica vislumbra a forma de se alcançar o conhecimento verdadeiro, decorrente da aplicação de seus princípios epistemológicos e de suas regras metodológicas. Todavia, trata-se de um modelo totalitário. Esta nova percepção de mundo apresentava distinções fundamentais aos modelos de “saberes” aristotélicos e medievais. Desta feita, opunham-se conhecimento científico e conhecimento do senso comum, ou seja, duvidava das evidências da experiência imediata e do senso comum. Procurava respostas na observação científica sistemática, rigorosa e controlável dos fenômenos naturais. Também, opunham-se natureza e pessoa humana, ou seja, buscava conhecer a natureza para poder controlá-la e dominá-la.
Empregava, como instrumento privilegiado de análise, a matemática, para que ocorresse uma observação e experimentação que levasse a um conhecimento mais profundo e rigoroso da