Análise crítica obra Memórias Póstumas de Brás Cubas
541 palavras
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A crítica considera Memórias Póstumas de Brás Cubas o romance que introduziu o Realismo na literatura brasileira. De fato, ao lado de outras obras como Ocidentais (1882), Histórias sem Data (1884), Várias Histórias (1896) e Páginas Recolhidas (1899), este livro foi também um divisor de águas na própria obra de Machado de Assis, aquele que iniciou a sua carreira madura, como o próprio autor reconhece na citação ao lado numa reedição tardia de Helena. O gênero é realista por criticar com ironia e pessimismo as condições da época, no entanto não está isento de resíduos românticos presentes nos romances, nas paixões e nos amores de Brás Cubas, ainda que o sonho de relações e casamentos perfeitos e a tensão bem x mal, herói x vilão—situações tão convencionais à ficção romanesca—não exista e as personagens ajam calculadamente por interesse na obtenção de "status", na ascensão social através do casamento, como quando o pai de Brás quer que ele se case com Virgília, filha do Conselheiro Dutra, político proeminente. E mesmo assim, Machado não compactua com o esquematismo determinista dos realistas, nem procura causas muito explícitas ou claras para a explicação das personagens e situações. O fato do narrador tentar relatar suas memórias e recriar o passado faz com que o romance também se enquadre em certos elementos do romance impressionista. Dois outros gêneros significativos em Memórias Póstumas são as antecipações modernas da obra—a estrutura fragmentária não-linear, o gosto pelo elíptico e alusivo e a postura metalinguística de quem escreve e se vê escrevendo (Brás Cubas no início declara explicitamente basear-se em Laurence Sterne). O outro elemento, a fantasia, é encontrada em duas situações: Brás Cubas, mesmo morto e enterrado, ainda assim escreve sua autobiografia e, no Capítulo VII, tem um delírio em que viaja montado num hipopótamo e encontra-se com Pandora, que é interpretado como uma forma de mostrar que o ser humano nada mais é