Análise Corrosão do Caráter
Corrosão do Caráter, livro do sociólogo e historiador americano Richard Sennett(Record; 14ª edição; 2009), é um ensaio sobre a ética do trabalho e uma análise crítica sobre o capitalismo flexível na qual, de acordo com o autor, não é possível preservar a legitimidade a longo prazo, porque acaba com o caráter dos trabalhadores fazendo com que as pessoas não se importem umas com as outras.
Para se aprofundar nos aspectos da corrosão do caráter, Sennett divide seu livro de mais de 200 páginas em capítulos, nos quais desenvolve seus argumentos baseando-se em diversos relatos reais. Assim, passa a refletir sobre as relações de trabalho, o caráter pessoal e as suas transformações no novo capitalismo. Ele se caracteriza pela capacidade imediata, a flexibilização, o risco e a alienação do indivíduo. Mudar o tempo todo faz a pessoa se esquecer da realidade a qual pertence, no antigo capitalismo a consciência de se pertencer a uma classe era facilmente perceptível, no capitalismo atual não se sabe a que grupo social se pertence.
O texto que analisaremos é um capítulo intitulado Fracasso. Esse texto mostra que no capitalismo antigo, era possível obter uma carreira e ter planos para longo prazo. Já hoje, como tudo é mais flexível só se pode pensar em coisas à curto prazo, logo seria extremamente difícil obter uma carreira e obter sucesso. Pessoas de todas as classes socioeconômicas estão fadadas a fracassar graças ao sitema capitalista flexibilizado. “O fracasso não é mais a perspectiva normal apenas dos pobres ou desprivilegiados; tornou-se um fato regular nas vidas da classe média.” (p. 141).
Sennett descreve nesse capítulo, a evolução do pensamento de programadores demitidos da IBM, que se inicia culpando a administração de traição, passa pela idéia de que intrusos (estrangeiros principalmente) chegam à cena e, por fim, culminam na própria responsabilidade sobre o ocorrido: a demissão deles. O sociólogo afirma que apenas fazendo essa passagem