Antropologia
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CAPÍTULO 1
A ABRANGÊNCIA DA ANTROPOLOGIA
Antropologia é uma palavra iluminante que chama a atenção pelos dois substantivos que a compõem, ambos de origem grega: anthropos = homem; logos = estudo, e também, razão, lógica. “Estudo do homem” ou “lógica do homem” são duas possíveis definições distintas, porém convergentes, daquilo que se entende por Antropologia. No primeiro caso, a Antropologia faz parte do campo das ciências -- ciência humana – tal como a sociologia ou a economia; no segundo caso, ela está relacionada a temas que estão no campo da filosofia, a lógica, a metafísica e a hermenêutica, como se fora uma coadjuvante mais sensitiva.
Apesar de sua etimologia, não foram os geniais gregos criadores da filosofia que inventaram a Antropologia. Eles se consideravam tão superiores aos povos e nações vizinhos, seus contemporâneos, a quem chamavam de “bárbaros”, que mal tinham olhos para os ver e os apreciar. Para surgir a Antropologia – cuja característica mais essencial é mirar o Outro como um possível igual a si mesmo – seria preciso um tempo de dúvidas e ao mesmo tempo de abertura ao reconhecimento do valor próprio de outras culturas. Tal tempo só surgiria séculos depois, quando a Europa, em vias de perder sua velha identidade medieval, ainda incerta sobre o que viria a ser, duvidou de si mesma e pôde assim olhar e conceber outros povos, ao menos teoricamente, como variedades da humanidade, cada qual com seus próprios valores e significados.
O pensar antropológico, o pensar sobre o aparente paradoxo de o homem ser um só, como ser-espécie da natureza, e ao mesmo tempo ser múltiplo em suas expressões coletivas, a cultura; o pensar sobre o diferente ser o mesmo; sobre as potencialidades reais e recônditas de cada cultura – é fruto desse momento