Antropologia
Estudos Socioantropológicos
Notas sobre algumas formas primitivas de classificação
O antropólogo Marcel Mauss, citado no material de aula passado, discute os ritos e o luto, como expressão de emoções coletivas. Para ele “não só o choro, mas toda uma série de expressões orais de sentimentos não são fenômenos exclusivamente psicológicos ou fisiológicos, mas sim fenômenos sociais, marcados por manifestações não-espontâneas e da mais perfeita obrigação”. (Mauss, 1979, p.147).
Isso não significa dizer que Mauss negue o sentimento individual, mas, o que ele faz é destacar que o sentimento é também social e simbólico, traduzindo representações coletivas. Agora, nós iremos tratar da constituição do pensamento lógico e das categorias como coisas sociais em si. Isso significa dizer que a antropologia desenvolvida por
Mauss e Durkheim considera que o fundamento do sistema lógico e das categorias são determinações da própria sociedade. Ou seja, as classificações que realizamos cotidianamente são decorrentes de uma ordem social e não de fatores meramente psicológicos ou naturais.
As categorias são em si coisa social
A ideia de que as categorias são em si coisa social é um princípio que está presente no artigo de 1903 de Mauss e Durkheim intitulado "Algumas formas primitivas de classificação”. Nesse artigo é consolidado o princípio de que o sistema social se constitui como fundamento do sistema lógico. Os autores mostram como as classificações são objetivações das determinações próprias da sociedade, ou seja, são decorrentes da vida social. Com isso devemos entender que a ideia geralmente pensada de que as competências que temos para definir, deduzir, induzir são
imediatamente dadas na constituição do entendimento individual, não está correta. Ao contrário disso, as nossas operações mentais têm uma história e é, portanto, oriunda da vida social.
Por conseguinte, tanto o pensamento quanto suas representações, no que diz respeito às