antropologia
Unidade II
5 Descolonização da África, Imigração e multiculturalismo
O processo de descolonização é um dos fatores mais importantes no que concerne à formulação das questões fundamentais da antropologia atual, uma vez que desencadeou uma transformação políticoconceitual intimamente relacionada ao processo de autocrítica – processo este que se mostrou necessário para a própria sobrevivência da disciplina. Novas formas de representação foram introduzidas. Pensar o outro não era mais tão simples, já que ele se tornava tão mais próximo.
5.1 O novo olhar da antropologia
Na Antropologia, o objetivismo como ferramenta conceitual única capaz de descrever uma cultura foi o modelo de análise utilizado pelos pesquisadores ao partirem para o trabalho de campo – este último, como vimos na seção anterior, era frequentemente constituído de lugares distantes com culturas diversas. Trigueiro argumenta que
“(...) esse modelo [o objetivismo] baseava-se na retirada do caráter subjetivo do autor de sua pesquisa; o antropólogo deveria permanecer apenas observando, entendendo os costumes e as linguagens de outros povos.”
(TRIGUEIRO, 2006, p. 510)
Não necessariamente que este modelo tenha constituído a prática de todos os antropólogos clássicos, mas era o modelo em evidência nos primórdios da disciplina (a era imperialista).
A introdução da busca pelo ponto de vista nativo, por Malinowsky, veio como ferramenta conceitual capaz de abalar, em parte, a dureza do objetivismo empírico, uma vez que se apropriava e deixava de lado a mera descrição. Porém, como argumenta Trigueiro, “a prática antropológica privilegiou o ponto de vista do autor sobre o nativo, o que foi muito recorrente no período colonizador” (2006, p. 510) ou imperialista, de que tratamos na unidade anterior. Ou seja, mesmo que abalado o objetivismo científico, o etnocentrismo ainda exercia uma forte influência.
A antropologia clássica, sob a ótica de Renato