Antropologia
Nesse texto, Laplantine pretende elucidar as condições que determinaram o início da reflexão antropológica ou, ao menos, do pensamento pré-antropológico. Seu inicio remete ao Periodo do Renascimento com a descoberta do Novo Mundo, quando o homem ocidental europeu com isso nasceu os primeiros confrotos visual com a alteridade. Desse confronto nascem duas ideologias distintas: a recusa do estranho e do bom civilizado, que pode ser representada pelo jurista Sepulvera; e a recusa do estranho e a fascinaçãopelo estranho, defendida pelo dominicano Las Casas. Se à época a discussão ocorria em termos religiosos, hodiernamente se pode dizer que tal critério não mais vigora - as ideologias, porém, permanecem ainda viva na antropologia.
A primeira delas consiste na crença do “mau selvagem e bom civilizado”, isto é, na superioridade do homem europeu sobre o “outro” recém-descoberto, ao qual até mesmo se nega o status de “ser humano”. Nesse sentido, a associação do “outro” com a natureza e a animalidade (depreciadas ao seu grau mais baixo e abjeto) em oposição à cultura e a humanidade dos europeus, cumpre papel fundamental na referida ideologia. Alguns dos critérios utilizados para expulsar os índios da categoria dos seres humanos são: religiosidade (suposta ausência de religião), aparência física (ausência de roupas), comportamentos alimentares (hábito de comer comidas cruas) e inteligência (inexistente, posto que falariam uma “linguagem ininteligível”). Em seguida, Laplantine se detém em dois expoentes da ideologia citada. Cornelius De Pauw explica o “gênio embrutecido dos Americanos” a partir do clima de extrema umidade, associa a distinção natureza/civilização aos povos do hemisfério sul e do hemisfério norte, respectivamente, e se destaca por negar qualquer possibilidade de variedades distintivas...
A segunda das ideologias mencionadas é a do “bom selvagem e mau civilizado”, ou seja, precisamente o oposto da anterior. Sua formulação mais