Antropologia - origem e evolução da propriedade social
Patrono: Claude Lévi-Strauss
I. Evolução histórica do conceito de propriedade
A problemática da propriedade está presente na sociedade desde muito tempo. Na Grécia Antiga, a questão está presente a partir do momento em que o crescimento aflora nas cidades. Quando Atenas e Esparta, que tinham uma organização comunitária, começam a desenvolver a agricultura e a pecuária, a propriedade privada e as cidades se expandem e tal organização se modifica. Esse cenário favoreceu o desenvolvimento do comércio e da navegação, originando daí guerras e novos hábitos sociais. Em meio a tantos conflitos e mudanças envolvendo a propriedade, Platão (429-347 a.C.), em A República, define esta instituição e cria o conceito de Estado ideal, que seria a melhor forma para se alcançar a Justiça. A partir destes conceitos, forma-se a noção de propriedade vinculada à produção. Na Roma Antiga, desde suas origens havia uma ligação entre o conceito de propriedade e o de cidadania, sendo possível apenas aos patrícios a posse de terra, deixando os plebeus à margem. Apesar de tantas lutas e tentativas de mudanças, a noção de propriedade romana estava vinculada fortemente aos direitos personalíssimos, sendo impensável qualquer tentativa de reforma agrária. Durante a Idade Média, houve muitos conflitos entre a nobreza e os campesinos, sendo estes severamente reprimidos. Foi aí que se desenvolveram as manufaturas e os campos foram convertidos em pastagens para ovelhas, formando uma massa de excluídos sem qualquer perspectiva de progresso. Como fruto deste período, algumas obras surgiram para tratar da questão social, como Utopia (1516), de Thomas More, em que o autor defendo um novo sistema de justiça, dando real importância ao valor moral de cada indivíduo, e não às posses acumuladas. Qualquer noção de propriedade deveria ser destruída para a garantia da justiça