Antonio lobo
O autor trabalha com uma linguagem bastante intrigante, usando uma obra de arte, uma pintura, aliada á temas cotidianos, comuns as crônicas. Apenas algumas palavras como apetecer e equinócio, fogem do senso comum, presumidamente, da maioria dos leitores, uma vez que o estilo crônica trata de temas cotidianos em geral.
Nessa crônica ele começa narrando a história de uma senhora viúva que aos oitenta anos ainda continua mantendo um ritual de alugar uma pequena casa na praia, todos os anos, desde a morte de seu marido e a saída de seus filhos de casa. Ele tenta descrever á todo o momento o espaço físico, mas nesse movimento ele acaba descrevendo a própria personagem como um não pudesse ser dissociado do outro.
Essa personagem tenta de alguma forma manter viva a memória e as lembranças de seu marido e também de suas experiências do passado, pois sempre leva o retrato do seu falecido companheiro por aonde quer que vá. Além disso, ela mantinha o hábito de ficar na casa perto da praia, todo mês de setembro, ainda que de lá ela não pudesse ver o mar e nem mesmo ouvir o barulho das ondas chacoalharem. Ao retratar esse hábito da personagem, o autor mostra que esse enredo é também psicológico, pois o ser humano, representado pela velha, mantém uma prática que a faz ter dignidade e memória, frente ao sentimento de perda de sua própria família. A sua descrição se faz extremamente brilhante por conseguir extrair de uma pintura uma observação tão aprofundada acerca da vida.
No começo da crônica temos a sensação de que ele descreve alguém que está vivo e passando por uma temporada numa cidade praiana, mas no meio da crônica o autor dá uma reviravolta fazendo o leitor perceber através de um recurso