José Saramago Versus António Lobo Antunes
Interessante numa altura em que cada um lança mais um livro, analisar estes dois escritores, que antes de serem geniais, são pessoas, seres humanos. Ambos têm recebido vários prêmios pela sua escrita, fica-se sempre na dúvida se o Nobel da Literatura algum dia será atribuído a António Lobo Antunes, sendo mais do que merecido, sem dúvida, mas como já foi atribuído a um português – José Saramago - há poucos anos, será menos provável vir a recebê-lo.
As atitudes dos dois homens e escritores estão a distanciar-se tremendamente e, depois de cada um ter tido uma doença grave, a que escaparam, é estranha essa enorme diferença. Saramago parece estar azedado com a vida, está amargo, faz afirmações que sabe à partida que vão ser polêmica, que vão gerar mal-estar e parece sentir satisfação com isso. António Lobo Antunes, por ser tímido, pode passar a impressão de ser arrogante, mas não é de fato, e não tem nenhum interesse, nem vontade de ser. Esta diferença é importante, dado que os dois homens sem os seus livros seriam simples desconhecidos, como somos quase todos. Mas a escrita, e nomeadamente a escrita de qualidade, fazem ser lidos, apreciados, conhecidos e reconhecidos.
Não podemos deixar de ficar bem impressionados com as mensagens mais agradáveis, mais simpáticas, menos truculentas que eles emitem fora dos livros. E mal impressionados com as outras. Claro que tanto um como o outro são indiferentes à criação de inimigos. José Saramago tem a certeza disso, uma vez que vem criando este desconforto há vários anos, o que o não tem prejudicado como escritor. E não quer mesmo saber ao que dele pensem como pessoa. Está evidentemente no seu direito. Por seu lado, António Lobo Antunes, que tem uma grande história de vida, que é também um grande escritor, quer ser visto como um homem não desagradado com a vida. E parece não ser, bem pelo contrário.
Se formos consultar os "rankings" das vendas de livros,