AN LISES

trecho 2
"Ele tocava uma ária doce que notei fazer brotarem lágrimas do olhos de sua afável companheira, o que ele não notou até que ela começou a soluçar de maneira audível. Pronunciou, então, algumas palavras, e a bela moça, deixando de lado o trabalho, ajoelhou-se aos seus pés. Ele fez com que ela erguesse e sorriu com tamanha gentileza e afeto que fui tomado por sensações de natureza peculiar e irresistível: eram uma mistura de dor e satisfação, como eu nunca antes experimentara, nem com a fome nem com o frio, com o calor ou com o alimento; afastei-me da janela, incapaz de suportar tais emoções.
(SHELLEY, 2002,117)
O pensamento da época permitia dizer que o homem era uma máquina vazia. Se uma máquina pode ser ligada e desligada, pela eletricidade, por que não o homem?
Máquina como algo vazio e o monstro vai um pouco de frente, ele se auto preenche, ele aprende a ler, se depara com sentimentos propriamente humano, tenta inúmeras vezes recorrer as pessoas, mas sua aparência importava mais do que qualquer essência que ele construísse.

e ele então vai atrás de seu criador que não lhe permitiu ter uma companheira para compartilhar dessas emoções (não permitiu por medo dela ter uma essência ruim ou então deles se reproduzirem e acabarem com a espécie humana)

Eu pusera de lado todo o sentimento e subjugara qualquer angústia. Para mim, o mal se tornara o bem. Só faltava o ato supremo: a criatura destruir o criador. E isso agora está feito.
De que me adiantou? Eu o destruí, mas não satisfaz meus desejos de afeto e companheirismo.
(SHALLEY, 1994, 127-128)

A essência não foi suficiente nem para os que o viam nem para o próprio monstro.
A luta pelo objetivo do ser, a insatisfação com o resultado.
O vazio novamente presente