Amour uma visão poetica
Amour é um filme que conta a história, sensível e angustiante do amor, entre George (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva), os protagonistas dessa linda história, formada por um casal de idosos aposentados que vivem em um apartamento em Paris, mantendo uma vida ativa, envolvidos com música, leitura e atividades sociais, além de antenados com as mudanças do mundo a sua volta, até que Anne sofre um AVC, que transforma suas vidas em um desafio continuo e diário para fortalecer o amor entre eles.
O filme nos leva as profundezas dos sentimentos humanos e nos brinda com uma história coesa, e tristemente bela, que constrói um arco dramático para mostrar o sofrimento do casal diante da atual situação deles, sem utilizar-se de clichês ou de artifícios vazios e apelativos.
O filme mostra uma imersão no mundo de sofrimentos, felicidades e amor além da união da loucura e sabedoria, fazendo um paralelo com o livro Amor Poesia Sabedoria, de Edgar Morin – uma obra literária que relaciona o homo sapiens e o homo demens, discorrendo sobre a relação entre a infelicidade, a loucura, o amor, a poesia e a sabedoria. Como não enveredarmos em uma leitura de Edgar Morin e não se deliciar com tal obra? Trata-se de uma leitura poética, onde demonstra em suas palavras que o amor é necessário e faz parte da vivência humana e do abrir-se para o mundo. A tentativa de experimentar a felicidade traz coisas boas e ruins, mas torna-se necessária para uma vida plena e feliz.
Talvez a sabedoria tente nos frear diante de tais sentimentos, pois o amor e a loucura nos provocam paúra, mas esse texto nos mostra que eles andam de mãos dadas, com a sabedoria e acabam por tornarem-se inseparáveis. O autor afirma que a razão tenta excluir e afastar a loucura, mas é através dessa loucura e desordem de sentimentos e afetividades que há “élan, criação, invenção, amor, poesia”. Ele afirma ainda que o amor não pode ser racionalizado, medido, calculado ou controlado,