Amazonia
Revisão das políticas de ocupação da Amazônia: é possível identificar modelos para projetar cenários? BERTHA K. BECKER
Instigado pela problemática em foco, este trabalho não pretende se restringir à revisão das políticas públicas recentes para ocupação da Amazônia. Ele tem a ambição de buscar modelos embutidos no processo de ocupação a partir de motivações, estratégias e sua incidência sobre o território, e de extrair lições para cenários futuros.
Para tanto, distinguem-se três níveis conceituais de análise. O primeiro refere-se ao padrão econômico voltado para a exportação que, desde o início da colonização até hoje, é a motivação dominante na ocupação regional. Tal dominância se vincula ao fato da ocupação do que é hoje a
Amazônia, o Brasil e toda a América Latina, constituir um episódio do amplo processo de expansão marítima das empresas comerciais européias, formando-se como as mais antigas periferias da economia-mundo capitalista. Em outras palavras, forjaram-se no paradigma sociedade-natureza denominado “economia de fronteira”, em que o progresso é entendido como crescimento econômico e prosperidade infinitos, baseados na exploração de recursos naturais percebidos como igualmente infinitos
(Boulding, 1966; Becker, 1995). No caso da Amazônia, sua ocupação se fez em surtos devassadores ligados à valorização momentânea de produtos no mercado internacional, seguidos de longos períodos de estagnação.
A esse padrão associam-se duas características básicas da ocupação regional. Primeira, a ocupação se fez invariavelmente e ainda hoje se faz a partir de iniciativas externas. Segunda, a importância da Geopolítica, que explica o controle de tão extenso território com tão poucos recursos.
A Geopolítica esteve sempre associada a interesses econômicos, mas estes foram via de regra mal sucedidos na sua implementação, não conseguindo estabelecer uma base econômica e populacional estável, capaz de