Inconfidencia
A profunda crise do absolutismo e do sistema colonial europeu da segunda metade do século XVIII, que teve seus momentos mais marcantes na guerra de independência dos Estados Unidos (1776) e na revolução francesa (1789), repercutiu no Brasil em movimentos como a inconfidência mineira, também chamada conjuração mineira, inspirada nas idéias dos filósofos do Iluminismo e nos princípios liberais da constituição americana.
A inconfidência mineira de 1789, em Vila Rica, depois Ouro Preto, sede da capitania das Minas Gerais, foi um movimento conspirador da burguesia, que tinha o objetivo de criar uma nação autônoma e republicana, livre da espoliação da corte portuguesa. Teve como motivação imediata a decisão real de efetuar a "derrama", cobrança de uma dívida fiscal atrasada, o que intensificou o descontentamento com a excessiva carga de impostos sobre a mineração do ouro. Aliada à escassez do minério, essa tributação concorria para o agravamento da crise econômica e social da região.
Antecedentes.
As idéias de independência na região das Minas Gerais remontam ao final do século XVII, a partir das disputas pela posse das minas de ouro, que ficaram conhecidas como guerra dos emboabas. Esse anseio cresceu, alimentado de um lado pela política despótica e predadora da coroa portuguesa na pesquisa e lavra do ouro e diamantes, e de outro pela difusão do pensamento liberal que se difundiu na Europa e em suas colônias durante todo o século XVIII. Na década de 1720, a criação das casas de fundição, para garantir a cobrança do imposto conhecido como "quinto", pelo qual a quinta parte da produção do ouro devia ser entregue à coroa, provocou uma revolta que culminou com o enforcamento e esquartejamento do português Filipe dos Santos.
A partir de 1750, o ouro, até então abundante, começou a escassear, com o esgotamento das minas de aluvião. Descrente dos motivos da queda de produção e convicta da existência de sonegação e contrabando, a coroa