alunos e professores desmotivados
Camila Pereira
Fotos Cristiano Mariz
"VOU QUEBRAR A SUA CARA"
A professora Isabel Ribeiro e o pátio da escola onde leciona (à esq.), em Brasília: ameaça de agressão durante a aula
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Os relatos dos professores que aparecem nesta reportagem lançam luz sobre um problema hoje disseminado nas escolas – públicas e particulares – do país: a relação com os alunos é tensa, quando não violenta, e motivá-los nunca foi tão difícil. Para ensinar, é preciso enfrentar toda sorte de adversidades, da indisciplina que reina na sala de aula a, em casos mais extremos, agressões físicas. A essas situações, soma-se ainda o desafio de trabalhar, muitas vezes, em lugares onde não há sequer a infraestrutura mínima, como nas escolas em que chega a faltar energia elétrica. Um conjunto recente de números ajuda a mostrar quanto tudo isso piora o clima na sala de aula. Para se ter uma ideia, 52% dos professores ouvidos em pesquisa da International Stress Management Association (Isma), feita em São Paulo e Porto Alegre, admitem atitudes agressivas com seus alunos, tendo sido irônicos ou até rudes. Não para por aí. Os próprios professores também são vítimas do ambiente ruim: de acordo com dados da Unesco, 47% já sofreram agressões verbais vindas de alunos. Nesse contexto, não causa espanto o que conclui um estudo de abrangência nacional conduzido pela educadora Tania Zagury: ele mostra que as maiores dificuldades enfrentadas pelos professores são justamente manter a disciplina e despertar a atenção dos estudantes – duas das condições básicas para uma boa aula. Diz Tania, em coro com outros especialistas: "Não há dúvida de que o desafio de ensinar ficou maior".
Conflitos são inerentes à relação professor-aluno, e não estão