Aluno
Em que medida a mídia influencia a nossa concepção sobre o corpo? É difícil responder com absoluta segurança. Até porque a relação não é de via única. Devemos também considerar que o receptor da mensagem veiculada pela grande mídia não é um ser acéfalo e reduzido à passividade. Mesmo o homem e a mulher comum interagem com o meio. Por outro lado, não devemos esquecer que a mídia é produzida por homens e mulheres também inseridos na sociedade e, assim, passíveis de serem influenciados pelos valores e idéias presentes nesta.
É certo que a mídia tem um poder de influência imenso. É, porém muito cômodo deduzir deste fato a explicação para a prevalência de um certo padrão de beleza que determina comportamentos relativos ao corpo. O culto narcísico ao corpo parece algo intensamente humano, cujas causas não se reduzem, certamente, à ação da mídia. Há aspectos culturais, sociais, psíquicos, etc., que merecem ser considerados e analisados. Não é possível empreender esta tarefa neste espaço, mas é preciso levar estes aspectos em conta.
Se a mídia tem sucesso em impor um determinado modelo, uma certa concepção narcísea, é também porque sua mensagem encontra solo fértil para se desenvolver. A corpolatria se impõe porque encontra indivíduos dispostos a sacrificar tudo, inclusive e contraditoriamente até mesmo a colocar a vida em risco, ou seja, o corpo idolatrado, para atingir o ideal do corpo “sarado”. O espelho reflete não apenas o corpo que se vê, mas também a alma atormentada pelo desejo da perfeição.
É preciso considerar os interesses econômicos que comportamentos deste tipo envolvem. A indústria de serviços e produtos voltados para a estetização corporal desenvolve-se cada vez mais. É ela que financia os anúncios, a propaganda e programas voltados para discutir a beleza, muitas vezes travestidos sob a linguagem politicamente correta da “saúde”.
Rompe-se a barreira dos sexos: embora o público feminino seja, preferencialmente, o seu