Alberto Caeiro - Poema IX
Poema IX
“Sou um guardador de rebanhos”
POEMA IX:
“Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Primeira parte
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Segunda parte
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.”
Terceira parte
PRIMEIRA PARTE:
“Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.”
Privilégio das sensações.
SEGUNDA PARTE:
“Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.”
Pensar é sentir.
TERCEIRA PARTE:
“Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.”
Exemplo sobre a experiência de sentir. CONCLUSÃO:
“Os seus pensamentos não passam de sensações. Vive feliz como os rios e as plantas, gostosamente integrado nas leis do Universo.”
Jacinto do Prado Coelho, Diversidade e Unidade em Fernando Pessoa, 6.ª ed.,
Editorial Verbo, Lisboa, 1987, p. 25