Agentes Religiosos e Bens Simbólicos
Por Valdevino de Albuquerque Júniro
Com base na teoria e análise de Pierre Bourdieu sobre o campo religioso, este artigo faz uma reflexão sobre os bens simbólicos como instrumentos de transfiguração.
Bourdieu enxerga a religião como linguagem, portanto produtora de sentido e sistema simbólico de comunicação e pensamento. Diferentemente de Saussure, que considera apenas elementos linguísticos, Peirce investiga signos de uma maneira mais geral, levando em consideração qualquer elemento, material ou não.
Dentro desta perspectiva, estabeleceu-se uma relação triádica dos signos, composta de signo, objeto e interpretante, em que signo representa alguém ou alguma coisa, o objeto refere-se ao sujeito representado pelo signo e interpretante se refere ao processo cognitivo que torna possível o fenômeno de compreensão da mensagem.
Na perspectiva bourdiana, a religião une eventos ordinários a uma dada ordem cósmica, a partir de pessoas especializadas, normalmente líderes das igrejas locais, que munidas de uma autoridade, tem o poder de gerir os bens sagrados, ou seja, transformar a realidade natural em uma realidade transcendente. Através de um sistema simbólico, revestir a realidade natural de por um manto sagrado, tornando santo algo que é propriamente humano. Isto ocorre, pois os agentes que fazem tão transformação têm uma autoridade outorgada.
Além disso, existe uma necessidade de gestão dos bens simbólicos, operada pelos agentes especializados em vista de atender a demanda dos agentes consumidores, os leigos.
Nas igrejas pentecostais, o universo sígnico é vasto e bastante representativo. Peguemos a ideia de “comunhão” para entendermos melhor.
Ao afirmar que devemos estar em comunhão, está ideia se consagra através de uma transfiguração, ou seja, o incentivo de manter-se em união veste-se de um manto sagrado, feito pelos agentes especializados, líderes e pastores,