Afinal, o que é arte?
Pode ser considerado inteligente e oportuno entrar em um conflito o qual estamos certos de não termos condição alguma de sairmos vitoriosos? Com a plena certeza de quem assume os riscos de um conflito na incerteza de seus resultados, aventuro-me a tentar definir algo indefinível, responder algo para o qual não se tem resposta, especular sobre algo para o qual tudo o que se diz é mera especulação, sem nenhuma régua confiável para balizar o resultado do projétil lançado, da pedra atirada, do disco que voa em trajetória olímpica. Sinto-me livre para quebrar algumas regras dissertativas uma vez que o tema abordado me impele a uma reflexão estética. Se incorro em algum erro nisto, que este seja atribuído ao uso de metalinguagem, dada a necessidade de se sentir aquilo que não pode ser plenamente absorvido pela razão por tratar-se de algo oriundo do incomensurável mundo analógico, donde nós perscrutamos seus seres apenas através de nossos sentidos digitais primitivos.
Com efeito, a arte é irmã legítima do amor. Ambos indefiníveis e inexplicáveis, onde tudo aquilo que por nossa capacidade alcançamos e definimos como ponderável não representa a imensidão daquilo que sentimos quando neles encontramo-nos imersos. Podemos dizer que o amor é o resultado de um complexo processo bioquímico que ocorre no corpo do amante, assim como sobre arte podemos definí-la pela maestria técnica nas mãos habilidosas do artista. Podemos por outro lado dizer de forma vaga e inequívoca que o amor é aquilo que nos une, nos move, que confere sentido único a vida, e ainda imbuídos pelo mesmo sentimento dizer sobre a arte que a mesma é subjetiva e de natureza inexprimível, que não pode ser aprendida ou pensada, que deve ser sentida, pura e simplesmente. Estaríamos errados em conferir a estas palavras tais definições? Poderia ser negado a estas palavras tais características, de modo a tornar falsas as afirmativas propostas? Por outro