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RESENHA CRÍTICA
Meyer, Dagmar E. Estermann. Identidades traduzidas: cultura e docência teuto-brasileiro-evangélica no Rio Grande do Sul. Santa Cruz do Sul: EDUNISC; São Leopoldo:
Editora Sinodal, 2000.
Entre a tradição e a tradução cultural: a produção das identidades docentes entre os teuto-brasileiros-evangélicos Maria Isabel Edelweiss Bujes
Quantos de nós que habitamos o Sul do Brasil não fomos acostumados a identificar nas raízes étnicas de nosso povo a matriz da disciplina laboral, da industriosidade, da dedicação ao trabalho e à família, e tantas outras “qualidades”/marcas que seriam próprias aos colonos que vieram ajudar a povoar a nossa terra? Não teria sido a “bagagem cultural dos imigrantes”, vista como um conjunto unitário e coerente de crenças, valores, tradições e práticas, uma das condições de possibilidade de um certo bairrismo sulista que se ancoraria no orgulho dessa herança e numa forma de vê-la – naturalizada e idealizada?
O livro de Dagmar E. Meyer – Identidades traduzidas: cultura e docência teuto-brasileiro-evangélica no Rio Grande do Sul – tem subjacentes questões como estas, que ela não faz, mas que povoam o nosso imaginário. O que Dagmar nos faz, efetivamente, é um convite para que coloquemos em questão as representações sobre as identidades culturais que nos constituem, ela própria, como tantos de nós, marcada também, por uma “herança imigrante”. Mas ela faz isto dentro de um determinado enquadramento, procurando: delimitar mecanismos e estratégias de articulação, organização e funcionamento de formações discursivas e instituições sociais que estiveram implicadas na produção tanto de representações em torno de uma cultura teuto-brasileira, quanto de uma identidade cultural cujas marcas diferenciadoras mais enfatizadas foram a língua materna (alemã), a fé luterana, a nacionalidade alemã sobreposta a uma cidadania brasileira e a “capacidade de trabalho” alemã (p. 18).
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