Adam smith
A filosofia social de Adam Smith
António José Avelãs Nunes
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RESUMO: A partir da teoria do valor-trabalho, Adam Smith constrói uma teoria da distribuição dos rendimentos que pressupõe uma certa estrutura de classes da sociedade e um estudo "instituído com vista à defesa dos ricos em prejuízo dos pobres". Defensor do liberalismo, entende, porém, que o contrato de trabalho não é um contrato como os outros , porque as duas partes não são, de modo algum, iguais: uma tende a trabalhar para viver; a outra pode viver sem trabalhar. Diante das desigualdades que reconhece, defende que o Estado não deve intervir, confiando na "mão invisível" do mercado e na virtude das leis naturais que regem a economia. Palavras-chave: Teoria do valor-trabalho. Estado mínimo.
1 - O pensamento de Adam Smith no domínio da Economia estrutura-se, basicamente, a partir da crítica às teses fisiocráticas segundo as quais a produtividade natural da terra é um dom da natureza, dom que só pode ser aproveitado pelos que trabalham na agricultura, o que significa que só o trabalho agrícola se configura, por isso mesmo, como trabalho produtivo (i.é, capaz de produzir um produto líquido). Era claramente diferente da realidade económica e social da França do tempo dos fisiocratas aquela que caracterizava a Inglaterra do tempo de Adam Smith. E este conseguiu aperceber-se de algumas diferenças fundamentais: por um lado, no que toca à agricultura, deu-se conta de que os rendeiros (capitalistas) arrecadavam um rendimento que não era um salário; por outro lado, conseguiu conseguiu compreender que este lucro capitalista não se confinava à agricultura: o lucro surgia agora de forma clara na indústria, actividade em que o capital vinha encontrando o seu mais amplo campo de aplicação.
Professor Catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e Vice-Reitor da Universidade de Coimbra
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O “poder produtivo do trabalho” (a produtividade) deixava de estar ligada às