Aceleração gravitacional
Quase não é exagerado dizer que a nova física de Galileu, Descartes, Newton começou com o movimento de queda dos corpos. Galileu (1564-1642) afirmou que o movimento de queda dos corpos -"num meio cuja resistência fosse nula", ou seja, em "um espaço totalmente vazio de ar e de qualquer outro corpo"(Galilei, 1988; p.69) - é um movimento uniformemente variado com a mesma aceleração para todos os corpos. Galileu nunca obteve, com razoável grau de precisão, o valor desta aceleração: suas estimativas levaram a um valor cerca de 4 m/s2. Como poderia Galileu saber que na queda livre dos corpos a aceleração é a mesma para todos eles, se não tinha condições de determiná-la precisamente?
O padre Mersenne (1588-1648) fez diversas tentativas de determinar a aceleração gravitacional medindo tempos de queda (Koyré, 1988). Seus resultados levaram-no a valores bastante maiores do que o de Galileu: da ordem de 8 m/s2. Estas e outras tentativas de obter a aceleração gravitacional, com razoável grau de precisão, esbarraram na inexistência de um método confiável para medir intervalos de tempo. Naquela época não havia ainda relógios precisos. Galileu relatou experimentos nos quais o tempo era medido através da determinação da massa de água que fluía de um tanque (Galilei, 1988); já Mersenne utilizou pêndulos na medida dos tempos. Segundo Koyré (1988; p.297) houve uma "situação paradoxal no momento do nascimento da ciência moderna: posse de leis matemáticas exatas e impossibilidade de aplicá-las porque não era realizável uma medida precisa da grandeza fundamental da dinâmica, isto é, do tempo".
Huygens (1629 1695) refez o último experimento de Mersenne, em 1659, encontrando valores entre 9 e 10 m/s2 (Koyré, 1988). Conscientizou-se que enquanto não fosse construído um cronômetro confiável não poderia medir com precisão o tempo de queda. Com o intuito de utilizar um pêndulo para medir tempos enfrentou, teoricamente, o