Acaraje
Dentre as várias influências da culinária africana na Bahia, uma das iguarias mais apreciadas é o acarajé, é um bolinho de massa de feijão fradinho, com cebola, água e sal, frito em azeite de dendê fervente; ele pode ser servido acompanhado de vatapá, pimenta, camarão e caruru.
A palavra acarajé é originária do nome africano akará, que em lorubá significa pão de comer, alimento sagrado, oferecido a Oyá também chamada de Iansã - deusa africana que controla ventos, tempestades, relâmpagos e fogo. Uma lenda africana conta que Iansã, após se separar de Ogum e se unir a Xangô, foi enviada pelo segundo marido à terra dos baribas em busca de um preparado que, ingerido, lhe desse o poder de cuspir fogo. Com sua ousadia, a deusa provou do líquido e ganhou o poder. Relatos históricos revelam ainda que para homenagear os deuses, os africanos fazem cerimônias com o fogo, como o akará, onde o iniciado engole mechas de algodão embebidas em azeite-de-dendê em combustão - ritual que lembra o preparo do tradicional acarajé.
Considerado o símbolo mais forte da cultura popular africana, o akará é feito com os mesmos ingredientes do acarajé, porém servido cru.
Brasil colonial, o acarajé era vendido nas ruas em tabuleiros que as escravas equilibravam sobre suas cabeças, enquanto iam cantando para atrair a freguesia. Com as vendas da iguaria, muitas delas conseguiam comprar sua própria liberdade. Com a abolição da escravatura, outras mulheres negras passaram a exercer a mesma atividade para garantir seu sustento.
Naquela época as mulheres que vendiam acarajé estavam ligadas ao candomblé, criando a tradição de ofertar aos orixás o acarajé uma vez por semana. O culto do candomblé também explica os trajes típicos utilizados pelas baianas, constituídos por uma bata chamada ojá, em algodão branco e bico de renda, saia rodada, torso, colares com contas coloridas, argola de buzo e um par de chagrim em couro, tudo isso para reverenciar os orixás. O acarajé é um negócio