O acarajé
RESUMO
O presente artigo busca demonstrar a importância simbólica de um dos mais importantes elementos da cultura afro-brasileira: o tabuleiro da baiana e os seus mais variados quitutes, em especial o acarajé, principal responsável pela representação simbólica da cultura afro-brasileira. Além disto, busca de forma clara explicitar a descaracterização do tabuleiro da baiana decorrente das novas relações sociais, econômicas e religiosas.
Palavras-chave: Tabuleiro. Afro-brasileira. Acarajé.
INTRODUÇÃO
Considerado patrimônio cultural pelo Iphan desde 2004 o ofício das baianas do acarajé, no Brasil, tem sua origem no período da escravidão com as “escravas de ganho” entre o século XVII e o XVIII. Trabalhavam sob rígidas leis e penas, para donos de escravos empobrecidos que perceberam nessas iguarias, mas uma forma de exploração do negro no Brasil. É provável que “ainda na costa ocidental da África as mulheres já praticavam um comércio ambulante de produtos comestíveis, o que lhes conferia autonomia em relação aos homens e muitas vezes o papel de provedoras de suas famílias” (Cantarino, 2005). Essa autonomia da mulher africana é semelhantemente encontrada nas baianas de acarajé hoje, que desempenham árduas tarefas diariamente, muitas vezes assumindo também o papel de provedora da sua família. Deve-se, entretanto, observar que os homens, geralmente filhos e netos das baianas de acarajé, ocupam tarefas fundamentais neste processo. Eles são responsáveis pelo transporte, montagem e desmontagem do tabuleiro, além de outras tarefas que exigem esforços físicos mais acentuados. É possível que tenha sido assim no passado, pois este ofício através das mães, ou mães-de-santo, é passado de mãe para filha, tornando possível, através de ações vistas comumente, que algumas dessas ações, passadas entre as gerações, tenham se mantido estáveis ou semelhantes. A forma de preparo do acarajé vendido no tabuleiro é uma