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CEMITÉRIO E CIDADE: A NOVA CAPITAL E O LUGAR DOS MORTOS
CEMETERY AND CITY: THE NEW CAPITAL AND THE PLACE OF THE DEAD Marcelina das Graças de Almeida (UEMG)85
RESUMO Este artigo tem como objetivo compreender como se processou a criação do Cemitério do Nosso Senhor do Bonfim no cenário que se configurou com a construção da nova capital mineira no final do século XIX. Novos comportamentos se impuseram diante de uma nova cidade, dentre eles o tratamento concedido aos mortos. Apontar estas transformações e refletir sobre elas é a questão central que norteiam o texto. Palavras-chave: cemitério, cidade, comportamento, Belo Horizonte.
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Profa. Dra. da Universidade do Estado de Minas Gerais, Escola de Design, UEMG/ED, PPGD. Faculdade Estácio de Sá, Unidade Prado. E-mail: marcelinaalmeida@yahoo.com.br.
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Janeiro a junho de 2013.
CEMITÉRIO E CIDADE: A NOVA CAPITAL E O LUGAR DOS MORTOS
Belo Horizonte foi inaugurada no dia 12 de dezembro de 1897. Sendo uma cidade planejada era a tradução do antigo projeto de transferência da capital, da colonial Ouro Preto, para uma nova sede do poder político e administrativo do Estado de Minas Gerais. Sonho este alimentado desde os inconfidentes (1789) e que se tornou real no crepúsculo do século XIX. De acordo com Heliana Angotti Salgueiro, a ideia alimentada por engenheiros, médicos, urbanistas, políticos enfim, adquiriu a dimensão de “[...] desejo universal de modernizar as cidades.” em meados do século XIX. Argumenta:
Representações mentais de longa duração, como as de “regeneração” ou de recomeço, coexistem com a tomada de consciência, própria do tempo, de que era preciso romper com o passado, fazer transformações como as que ocorriam por toda parte, adotar medidas modernas de urbanismo, próximas daquelas dos países do “mundo civilizado.” (SALGUEIRO, 2001, p.136)
A construção e instalação da nova capital de Minas é a tradução destes anseios tendo se revelado, no quadro dos ideais