abordagem das interacoes
Para uma abordagem das interações comunicativas
Paula Guimarães Simões1
Introdução
Realizar uma pesquisa científica supõe escolhas. Escolha de um tema a ser desenvolvido, de um objeto a ser estudado, de instrumentos e métodos de análise a serem utilizados e, sobretudo, escolha de um viés norteador de todo o trabalho de pesquisa. Mas o que isso significa exatamente?
Ao olhar para o mundo, deparamo-nos com um universo amplo de objetos empíricos, que correspondem às situações concretas, aos fragmentos de realidade a partir dos quais os pesquisadores podem construir um tipo de conhecimento. Diante das inúmeras possibilidades, é necessário que o olhar do pesquisador faça um recorte entre esses objetos do mundo. Esses não são, em si mesmos, objetos de conhecimento científico, mas são construídos enquanto tal pelo olhar do pesquisador. Como aponta França, “‘objetos de conhecimento’ não equivalem às coisas do mundo, mas são, antes, formas de conhecê-las; são perspectivas de leitura, são construções do próprio conhecimento” (França, 2002a, p. 17).
Ou seja, o objeto de conhecimento é o olhar com que o pesquisador analisa os fenômenos do mundo. Dessa forma, ao eleger uma temática e um objeto empírico a serem trabalhados, é indispensável escolher um tipo de abordagem para conduzir a pesquisa — os instrumentos que irão compor a perspectiva metodológica vêm posteriormente. Qual é a abordagem utilizada no campo da comunicação?
O objetivo deste artigo é apresentar, em linhas gerais, essa perspectiva comunicacional, tendo em vista os paradigmas norteadores dos estudos no campo da comunicação e destacando os elementos que constituem os processos sobre os quais podem incidir as análises. Ao trazer as dimensões do fenômeno comunicativo, é importante pensar a comunicação como uma rede, em que esses inúmeros fios se entrecruzam para compor o processo como um todo.
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