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1.
O Estado Colombiano

1.1.
Introdução
A persistência da guerra civil, a intensidade e a amplitude da violência na segunda metade da década de 90 e o reconhecimento de parte da academia quanto à fragilidade das instituições oficiais, quando tomados em conjunto, assinalavam a possibilidade da própria desintegração do Estado colombiano1. Deste modo, para lidar com a dimensão da crise que se abateu sobre a Colômbia por ocasião do
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governo do presidente Andrés Pastrana, é necessário resgatar parte de sua história e contemplar o fato de que, desde sua independência da metrópole espanhola, o
Estado colombiano formou-se em meio a um imbróglio de contínua luta armada e de sectarismo internos, ainda não resolvidos. Este primeiro capítulo constitui-se num quadro que apresenta os precedentes históricos da Colômbia a partir da união de seus próprios fragmentos de violência, as quais envolvem ingredientes de interferência política externa, exploração econômica por oligarquias internas, e os vetores de atuação dos grupos guerrilheiros, de poderosos cartéis da droga e de forças paramilitares. Especialmente diante das evidentes violações aos Direitos
Humanos, a realidade se definiu pela conjugação destes fatores segundo um contexto social e político em que o Estado não foi capaz de prover a segurança da sua população2,. Pelo contrário, ao fazer uso de suas prerrogativas, pode até ter contribuído para a manutenção do conflito, mediante a catalisação involuntária das várias vertentes de violência que compuseram a história recente da República da Colômbia (Bushnell, 1993; McLean, 2002; Vargas, 2002; Rotberg, 2002).

1

Um estudo focado no processo de formação dos Estados europeus, cujo conteúdo demonstra categoricamente a importância das guerras interestatais na construção destes Estados contrapõe-se a experiência colombiana. Cf. Tilly, C.
2
Especialmente diante de experiências como a colombiana, resulta a dificuldade para ater-se à