1984
Em 1984 o mundo é dividido em três grandes blocos: Eurásia, Lestásia e Oceania que alternam eternamente entre guerras e alianças. Winston Smith, o protagonista, vive em Londres, parte da Oceania, bloco governado pelo Partido cujo chefe é o quase divino (e onisciente) “Big Brother”, e trabalha no Ministério da Verdade, setor do governo responsável por recontar a verdade milhares de vezes por dia.
O Ministério da Verdade tem um nome exato: ele não mente, mas reconstrói a realidade cada vez que o contexto político se altera. A Oceania estava em guerra com a Eurásia e era aliada da Lestásia, mas agora as coisas se inverteram, logo os jornais são reescritos e a guerra sempre foi com a Lestásia. Assim, o Partido nunca se engana ou erra e os cidadãos não possuem memória. Como estabelecer senso crítico sem uma noção de passado? Os habitantes de Oceania não tem História.
Smith tem memória, ele se lembra de reescrever cada jornal, mudar cada notícia. Ele também resiste a “novilíngua”, forma reduzida do inglês que procura excluir conceitos, ou seja, formas de raciocinar. O personagem anda por zonas esquecidas, visita lojas de antiguidades, mantém um diário, todas essas atividades suspeitas porque reforçam sua individualidade: Winston Smith tem história, memória, preferências, sentimentos e gosto. Winston Smith é, afinal, um indivíduo. E indivíduos são mal vistos em qualquer sociedade distópica.
Smith é um rebelde, flerta com a resistência e chega a procurar o mítico livro clandestino escrito por Emmanuel Goldstein, mas sua condenação final vem por ter se apaixonado.