12 anos de escravidão

Resenha crítica
Filme: 12 anos de escravidão (12 years a slave – 2013)
O ser humano sempre teve dificuldades em aceitar qualquer tipo de mistura genética baseado em seus instintos territoriais; mas foi com o surgimento das cidades que o racismo passou a ser ainda mais elaborado e perigoso, uma vez que começou a buscar dentro das estruturas sociais motivos para existir e até hoje se mostra presente em nossa sociedade, e é por isso que filmes como este excelente “12 anos de escravidão” continuam sendo tão importantes e tocantes: por não nos deixar esquecer o que a nossa espécie já foi, e ainda é, capaz de fazer.
Baseado na autobiografia de Solomon Northup, a terceira direção de Steve McQueen (“Fome” (2008), “Shame” (2011); britânico, 44 anos, primeiro diretor negro a conquistar um Oscar) se passa a partir de 1841, conta como um negro, filho de ex escravos, livre, pai de família, músico e letrado, foi enganado por uma proposta de emprego e sequestrado, durante a Guerra Civil Norte-Americana, levado para o sul do país (uma região até então pró-escravista) para trabalhar em alguns campos de algodão e cana de açúcar.
Sem o sarcasmo de “Django Livre” (Quentin Tarantino-2012) ou o drama de “E o vento levou” (Victor Fleming-1939), 12 anos de escravidão é bastante cru e não poupa o lado de ninguém, ainda na primeira cena, mostra um capataz ensinando aos escravos como deveriam fazer a colheita corretamente, sem deixar de cantar “alegremente” durante o trabalho. Seguindo embalado pela trilha sonora de Hans Zimmer, o primeiro ato tem um tom mais sombrio, quase como um filme de terror, afinal, é nele que vemos Northup sendo retirado bruscamente do seu universo e ao mesmo tempo somos apresentados ao inferno escravista da Louisiana. E é aí que vemos o poder do elenco do filme. De cara temos Paul Giamatti que traz uma grande frieza ao interpretar um vendedor de escravos em uma das cenas mais emblemáticos do filme, onde escravos são vendidos como animais, totalmente