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O desabafo melancolia flutua em mim como cólica eterna, mas a ti não sei falar, pois longe de casa estar. Talvez devesse ir a cavalo; o medo me põe no ralo. A saudade enferruja os traços do meu rosto; onde sua mão caminhará sem sujar-se? Se estivesse aqui seria o agente a devolver o sol ao teu caminho; seus dedos correriam sem atrito. Eu ainda vejo a escrita do teu dente em mim, talvez se torne uma língua oculta, morta, meio torta. E, enquanto caminho pelos cômodos, a janela traz um canto, um esmagador e corrosivo canto; este não vem do céu, nem do mar, nem da terra... “De onde vem, então?” Vem de dentro de mim, o vento ao passar na ferida balança seus fiapos asfálticos, rígidos e impermeáveis; estranhamente, as minhas dores liquidas transcendem Suas propriedades, tudo em nome da saudade. É quase um milagre estar vivo no estado que estou, todavia não creio no místico celeste. Talvez seja o castigo.
Talvez seja implicância comigo. Ou seja, o inimigo de minha mãe católica; se Ele não pode amar, não me deixa também...
Vejo as horas perder-se em si, o peixe morrer por falta de alimento, o gato ir ao recanto do vizinho, na busca por ração, porem o carpete da sala é um santuário ateu diante da [NOSSA!] vida amorosa atual, o chefe de tanta descrença lê poemas nostálgicos, métricos, filosóficos e o oco em si não se modifica, senão ao oposto de sua fantasia. E é incrível que horas não fogem, só o desespero, que se tem no peito, na busca da foz, da voz do cantor mudo, da logica da matemática. E o dez em geografia, no Médio, não serve de nada, desconheço as causas, as consequências, os culpados, as estratégias e o tudo de nosso conflito. Também, o governo de nossa casa era uma aristocracia, egoísta e injusta a ti, também a nós.
Aos pouco, visão e audição são levadas pela canção na qual as paredes devolvem-me; as cortinas hipnotizam o gingar de meu corpo, como seu vestido e sua dança em meio