ÉTICA
O resultado da imperícia não reflete apenas no bolso do cliente, mas também no balcão do fórum. No ano passado, 43% dos processos que entraram na Justiça do Trabalho foram “extintos sem julgamento do mérito”, o que, traduzindo do “juridiquês”, significa que continham prováveis imprecisões técnicas, como indicar o réu errado ou fazer um pedido impossível.
“O advogado é mal formado tecnicamente porque o ensino é muito ruim. Os bons profissionais são bons por esforço próprio”, afirma o professor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) João Maurício Adeodato. “Mas fico animado com o aumento do interesse pela pós-graduação”, ressalva.
Mesmo com o aumento, os números ainda são baixos, conforme pesquisa de 1996, realizada pela Comissão de Ensino Jurídico da Ordem. Dos 1.700 advogados ouvidos nas principais capitais, só 3% tinham doutorado e 6%, mestrado.
“O bacharel deixa muito a desejar”, diz Sônia de Almeida Prado, presidente da Comissão de Estágio e Exame de Ordem da OAB-SP. Segundo ela, não se trata “apenas” de desconhecimento técnico ou erros de português. “O aluno tem dificuldade de articular a idéia no papel, de concatenação, de se expressar de forma clara”, afirma. “Por isso”, conclui, “o exame é imprescindível, é o mínimo razoável que se pode exigir do futuro advogado”.