ÉTICA E MORAL
Podemos responder a esta pergunta com uma estória adaptada de uma história árabe, segundo artigo do Dr. Gustavo Bernardo, professor da UERJ.
Um homem fugia de uma quadrilha de bandidos violentos quando encontrou, sentado na beira do caminho, Jesus Cristo. Ajoelhando-se à frente do Nazareno, o homem pediu ajuda: essa quadrilha quer o meu sangue, por favor, proteja-me!
O Homem manteve a calma e respondeu: continue a fugir bem à minha frente, eu me encarrego dos que o estão perseguindo.
Assim que o homem se afastou correndo, Jesus levantou-se e mudou de lugar, sentando-se na direção de outro ponto cardeal. Os sujeitos violentos chegaram e, sabendo que Messias, assim considerado por muitos, só podia dizer a verdade, descreveram o homem que perseguiam, perguntando-lhe se o tinha visto passar.
O Jesus pensou por um momento e respondeu: desde que estou sentado aqui, não vi passar ninguém.
Os perseguidores se conformaram e se lançaram por outro caminho. O fugitivo teve a sua vida salva.
Entendeu, não?
Não?
Explico.
A moral incorpora as regras que temos de seguir para vivermos em sociedade, regras estas determinadas pela própria sociedade. Quem segue as regras é uma pessoa moral; quem as desobedece, uma pessoa imoral.
A ética, por sua vez, é a parte da filosofia que estuda a moral, isto é, que reflete sobre as regras morais. A reflexão ética pode inclusive contestar as regras morais vigentes, entendendo-as, por exemplo, ultrapassadas.
Se Jesus fosse apenas um moralista, seguindo as regras sem pensar sobre elas, sem avaliar as consequências da sua aplicação irrefletida, ele não poderia ajudar o homem que fugia dos bandidos, a menos que arriscasse a própria vida. Ele teria de dizer a verdade, mesmo que a verdade tivesse como consequência a morte de uma pessoa inocente.
Se avaliarmos a ação e as palavras do Filho do Homem com absoluto rigor moral, temos de condená-lo como imoral, porque em termos