Ética para nietzsche e para aristóteles
Os episódios da Comuna de Paris foram fundamentais para o acirramento das posições políticas de Nietzsche. Onde Karl Marx viu um momento de bravura popular, Nietzsche identificou o surgimento de uma nova barbárie que era preciso deter a qualquer custo. A Comuna será, pois, o ponto de partida para uma série de escritos que ele desenvolveu ao longo dos próximos vinte anos seguintes e que o colocaria ao lado dos antidemocratas, dos anti-socialistas, e contra todo e qualquer tipo de pregação que visasse a igualdade, tornando-o um apologista da distinção.
1.2. Nietzsche como Anticristo
O ataque direto que Nietzsche desencadeou contra o cristianismo radicalizou-se com o seu "O Anticristo" (Der Antichrist), mas foi inicialmente exposto na A genealogia da moral (Zur Genealogie der Moral), de 1887. Argumentou que a ética cristã era uma moral de escravos, de gente fraca e vil que havia, através do cristianismo, desvirilizado o espírito senhorial e dominante dos aristocratas. A origem desse processo, segundo Nietzsche, remontava à aos tempos da Palestina ocupada pela raça romana, raça de senhores. Os judeus, impotentes em poder livra-se deles, terminaram por aperfeiçoar a psicologia do ressentimento provocando uma inversão dos valores. Tudo aquilo que era "débil", "humilde", "medíocre", eles apresentaram como "bom", enquanto palavras tais como "nobreza', "honra", "valor", foram vistas como "mal". O resultado desse trabalho de sapador, feito por séculos de pregação cristã, foi o enfraquecimento das energias vivificantes da sociedade ocidental, especialmente das suas elites, na medida em que o "doentio moralismo ensinou o homem a envergonhar-se de todos os seus instintos".
1.3. A rebelião dos escravos
A rebelião dos escravos na moral se deu devido a sua impotência para destruir com a escravidão (ou o seu avalista, o poder romano). A nova religião - o cristianismo - tornou-se o instrumento deles para canalizar o seu ódio