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Um dos primeiros livros de Montesquieu, “Cartas Persas”, de 1721, apresenta os personagens típicos de muitas obras do inicio do iluminismo, nas quais a crítica da sociedade ainda está escondida na ficção literária. Neste romance temos um grupo de persas visitando Paris, descrevendo em forma de cartas aos seus correspondentes no Irã a vida e os costumes de uma sociedade católica: a França e a Europa não seriam mais o centro, mas apenas um canto do mundo. Coisas que para os europeus pareciam triviais e óbvias porque já se acostumaram, os iranianos pareciam achar ridículas e estranhas. Uma situação semelhante poderia ocorrer com um chinês ou um indiano, por exemplo. É a questão do relativismo cultural.
Em 1734, com um estilo mais jovial e, literalmente, eficiente, Montesquieu faz observações interessantes em “Considerações Sobre as Causas da Grandeza dos Romanos e seu Declínio”. A crítica da moral entra em uma análise da história romana, na qual o autor não se limita à reconstrução filológica (resultando em conclusões, por vezes, duvidosas), mas tenta procurar, renunciando das práticas corriqueiras de uma história narrativa, as causas do desenvolvimento político e social de modo a explicar tanto a ascensão quanto a decadência de Roma. Outras considerações no contexto sócio-político, aplicadas aqui ao caso específico da história romana, retornam no “Espírito das Leis”.
Madura, resultante da construção de uma verdadeira ciência da sociedade, a obra “O Espírito das Leis” apresenta as causas gerais que regem os diferentes desenvolvimentos sociais e as instituições políticas, sem esquecer o caráter específico de cada nação e dos momentos únicos da história. Para atingir seu objetivo, Montesquieu identifica três formas de governo, que devem ser diferenciadas de acordo com o número de detentores do poder e da forma que ele é exercido. Cada uma destas formas de governo possui um princípio, ao qual devem permanecer fiéis se quiserem se existir por muito tempo.