Ética cristã e meio ambiente
Se o Cristianismo pretende continuar fazendo sentido para a vida das pessoas, num contexto onde cresce a cada dia o número de pessoas que se autodenominam “sem religião”, precisa resgatar algumas bandeiras que nunca deveria ter perdido. Uma delas, da sustentabilidade ambiental.
Por que? Porque o momento cultural no qual estamos inseridos, que alguns teóricos denominam de pós-modernidade, é um tempo onde tudo e todos passam a ser percebidos como estando interligados. O universo é uma grande rede vital. Se a modernidade descrevia o universo como uma grande máquina, a pós-modernidade descreve o universo como um grande organismo. Estamos vivendo o tempo da ecologia profunda.
E o evangelho do Reino, trazido por Jesus Cristo, tem muito a nos dizer sobre relacionamentos orgânicos. O que Jesus nos propõe não é uma simples observância mecânica de rituais e práticas religiosas. Jesus não é portador de uma nova lei, de uma nova religião, mas sim um relacionamento orgânico com Deus e com os seres humanos, por intermédio dele. O que Jesus nos propõe não é uma moral religiosa, mas sim uma ética da vida.
Se o nosso compromisso, como cristãos, é com a manutenção da vida; se acreditamos que Cristo veio para oferecer “vida e vida em abundância”; se acreditamos que a redenção do homem significa redenção em todos os aspectos da vida, então, porque não levantamos, de imediato, a bandeira da sustentabilidade ambiental, quando as primeiras luzes de advertência se acenderam?
Creio que algumas razões contribuíram para isto:
Primeira: Nosso modelo escatológico. Acredito que grande parte da nossa indiferença frente à devastação ambiental é decorrente de uma interpretação equivocada dos textos escatológicos. Quando o Novo Testamento nos dá conta de que o destino do nosso mundo é ser extinto pelas