ética Adolfo Sançhez Vázquez
Não nos ocuparemos de cada um destes elementos separada-mente, pois já foram ou serão estudados nos capítulos respectivos. Limitar-nos-emos, agora, a uma caracterização geral da avaliação moral, para passar imediatamente ao exame do valor moral fun-
damental: a bondade.
Se a avaliação é o ato de atribuir valor a um ato ou produto humano por um sujeito humano, isso implica necessariamente que se levem em conta as condições concretas nas quais se avalia e o caráter concreto dos elementos que intervém na avaliação.
Em primeiro lugar, é preciso lembrar que o valor se atribui a um objeto social, constituído ou criado pelo homem no decurso de sua atividade histórico-social. Portanto, a avaliação, por ter atri-buição de um valor assim constituído, possui também um caráter concreto, histórico-social. Dado que não existem em si, mas pelo e para o homem, os valores se concretizam de acordo com as formas assumidas pela existência do homem como ser histórico-social.
Em segundo lugar, é preciso considerar que os objetos avaliados são atos propriamente humanos e que, portanto, os seres inani-
como já sublinhamos — não podem
mados ou os atos animais —
ser objeto de avaliação moral. Mas nem todos os atos humanos se encontram sujeitos a tal avaliação — a uma aprovação ou re-
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A AVALIAÇÃO MORAL
provação no sentido moral — mas somente aqueles que, por seus resultados e consequências, afetam a outros. Assim, por exemplo, o fato de apanhar uma pedra que encontro num terreno deserto não pode ser avaliado moralmente, porque não afeta os interesses dos outros (se se trata, é claro, de um lugar desabitado); entretanto, recolher uma pedra na rua, afastando assim um perigo para um transeunte, tem certamente um