Às vésperas da Primeira Guerra Mundial
A Questão Agrária
Os laços servis na Rússia começa¬ram a se fortalecer exatamente no mo¬mento em que no Ocidente europeu o feudalismo iniciou sua decadência. O reforço da servidão foi correspondido ao nível político pela centralização do Estado, desde o final do século XVI: a partir de 1580 a legislação de Ivan IV proibia o camponês de abandonar a terra do senhor.
A servidão feudal se superpôs a uma estrutura comunitária existente anteriormente: o mir. O mir era a comunidade aldeã em que não existiam diferenças sociais, sendo a terra partilhada anualmente entre os seus integrantes, que a possuíam coletivamente. A comunidade aldeã mantinha firmes laços de solidariedade, sendo ao mesmo tempo a célula econômica e social básica do campesinato.
No século XIX, a tendência foi no sentido do desenvolvimento de relações capitalistas, que levaram a crescente diferenciação social dentro do campesinato, tornando-se a servidão um entrave ao desenvolvimento daquelas relações. Tal situação explica a progressiva diminuição da oposição da nobreza a reformas na agricultura e a uma possível emancipação dos servos.
Em 1861 aboliu-se a servidão e se deu ao camponês a propriedade da terra em que construíra sua casa.
A reforma acentuou a crise social, uma vez que a organização social baseada no mir foi rompida. A reforma de 1861 transformou o mir em uma célula administrativa, pois a comunidade era coletivamente responsável pelo pagamento da dívida ao Estado: este assumira o pagamento das indenizações aos senhores da nobreza. Ao mesmo tempo, aumentava a compra e venda de terras por elementos urbanos