Violência no Brasil
Não são poucas as críticas que apontam as polícias brasileiras como desorganizadas e mal governadas. Isso porque muitas corporações deixam de atuar pautadas em dados científicos minimamente confiáveis para balizar suas ações no clamor político, no desespero social e nas exigências midiáticas – e suas inter-relações. Naturalmente, todos esses fatores são consideráveis, porém, não podem ser o ponto central de uma política pública, que deve possuir diretrizes estratégicas sérias e fundamentadas. Isso porque tais influências ocorrem quando os efeitos já estão postos, levando as polícias brasileiras a serem sustentadas pelo improviso.
Por isso devemos valorizar iniciativas como a realizada pelo Instituto Sangari, que lançou recentemente o seu Mapa da Violência 2010 – Anatomia dos Homicídios no Brasil, que faz análises profundas, utilizando dados consistentes sobre a incidência dos homicídios nas cidades brasileiras.
Como os homicídios são a expressão máxima da violência, o Mapa usa esse tipo de crime como referência para a incidência da violência, de todos os tipos, no país. Alguns números surpreendem, alguns positivamente, mas a maioria do levantamento nos leva ao estarrecimento, tamanha a carnificina gerada espontaneamente no Brasil. Por exemplo, no período 1997-2007, tivemos mais homicídios do que os seguintes conflitos, juntos:
- Movimento emancipatório/étnico da Chechênia/Rússia;
- Guerra do golfo;
- Guerra Civil de El Salvador;
- Guerra pela Independência do Timor Leste;
- Guerra pela Independência de Angola;
- Disputa Israel/Egito;
- Guerra das Malvinas;
- 2ª Intifada;
- Guerra Civil da Nicarágua;
- Guerra Civil da Irlanda do Norte.
Pasmem: todos esses conflitos juntos tiveram 295.000 mortes, enquanto o Brasil, no período citado, teve 512.216 homicídios. Apesar disso, o estudo aponta para uma queda de homicídios no país, em números absolutos, algo em torno de 5%, novamente entre 1997 e 2007. Por outro lado, um fenômeno novo foi