S CRATES
Sócrates era filho de um escultor, Sofronisco, e de uma parteira, Fenarete. Seguiu, durante algum tempo, a profissão paterna e é provável que tivesse recebido a educação dos jovens atenienses de seu tempo, aprendendo música, ginástica, gramática e leitura e escrita a partir da obra de Homero. Atenas é, no tempo de Sócrates, um ponto de convergência cultural e um laboratório de experiências políticas, onde se firmara, pela primeira vez na história dos povos, a tentativa de um governo democrático, exercido diretamente por todos os que usufruíam dos direitos de cidadania. Sócrates nada deixou por escrito. Tudo o que sabemos sobre ele provém de depoimentos de discípulos ou de seus adversários. Os principais testemunhos são fornecidos por Platão e Xenofonte, que o exaltam, e por Aristófanes, que o combate e satiriza. Conhecedor das doutrinas filosóficas anteriores e contemporâneas (Parmênides, Zenão, Heráclito), participou do movimento de renovação da cultura empreendido pelos sofistas, mas se revelou um inimigo destes. Participou ativamente da vida da cidade, dominada pela desordem intelectual e social, submetida à demagogia dos que sabiam falar bem. Convidado a fazer parte do Conselho dos 500, manifestou sua liberdade de espírito combatendo as medidas que julgava injustas. Permaneceu independente em relação às lutas travadas entre os partidários da democracia e da aristocracia. Segundo conta Platão, Sócrates acreditava obedecer a uma voz interior, realizou uma tarefa de educador público e gratuito. Colocou os homens em face da seguinte evidência oculta: as opiniões não são verdades, pois não resistem ao diálogo crítico. São contraditórias. Acreditamos saber, mas precisamos descobrir que não sabemos. A verdade, escondida em cada um de nós, só é visível aos olhos da razão. Deriva daí, a célebre frase: "Só sei que nada sei". Acusado de introduzir novos deuses em Atenas e de corromper a juventude, foi condenado pela cidade. Irritou seus juízes com sua mordaz