P#%$ que Pariu

1150 palavras 5 páginas
Canta Historia. Que cante a história. Que se cante a história. Que descubramos a história pela música, pelos cantos sagazes que romperam o silêncio gelado de ditaduras e regimes autoritários na época em que estes corroíam a América Latina; pelos instrumentos melodiosos que traduziam o penar ou a esperança de povos em silêncio; pelas letras que se escutariam em manifestações, como se depois do silêncio se aprendesse uma nova língua.
Façamos um caminho contrário. Partir das músicas para chegar à inspiração destas. Chegar a essa percepção do compositor, modelada num molde de arte, dos momentos tensos da história desses países para melhor difundi-los na França, onde se sabe muito pouco desta fase histórica.

“Como é difícil / Acordar calado / Se na calada da noite / Eu me dano / Quero lançar / Um grito desumano / Que é uma maneira / De ser escutado / Esse silêncio todo / Me atordoa / Atordoado”
“Cálice” – Chico Buarque
A ditadura se instalou na prática quando as forças armadas suprimiram, com o Primeiro Ato Institucional (ou AI 1), os direitos políticos de varias personalidades políticas, dentre as quais João Goulart, até então presidente, em Abril de 1964. Condicionado, para não dizer dominado, pela influência do exército, o Congresso Nacional elegeu o marechal Castelo Branco, que seria a primeira cabeça da ditadura. Dois órgãos, o Serviço Nacional de Informação (SNI, que catalogava e fichava os cidadãos considerados inimigos do estado) e o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social, responsável pela censura) que o Chico teve a sorte de visitar muitas vezes, foram de grande importância e cristalizaram a censura e o terror durante a ditadura.
A ditadura já era motivo de medo e insatisfação quando a situação piorou. Quando o marechal Artur da Costa e Silva é nomeado, em março de 1967, a repressão fica mais severa com a erupção da reação do povo que sucede a sua posse. A linha dura, como era chamada, passou então a impor uma maior repressão física e

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