O Trabalho do Antrpólogo

O Trabalho do Antropólogo: Olhar, ouvir, escrever

No texto é estudado as principais “faculdades do entendimento” sociocultural, enfatizando o caráter construtivo do olhar, do ouvir e do escrever na elaboração do conhecimento próprio das disciplinas sociais. Mostrar como o olhar, o ouvir e o escrever podem ser questionados em si mesmos. O Olhar A primeira experiência do pesquisador de campo está na domesticação de seu olhar, isso porque, o objeto a qual o olhar foi dirigido já foi alterado pelo próprio modo de visualizá-lo. É certo que isso não é exclusivo do olhar, isso está presente a partir de um processo de conhecimento. Mas é no olhar que essa refração pode ser bem compreendida. Podemos tomar como exemplo um antropólogo no inicio de uma pesquisa junto a um determinado grupo indígena e entrando em uma maloca, sem nem conhecer uma palavra desse determinado grupo. Essa moradia de tão amplas proporções e estilo teriam seu interior vasculhado pelo “olhar etnográfico”. O interior da maloca não seria visto com ingenuidade, porém como uma sensibilidade pela teoria disponível. Ao basear- se nessa teoria, o observador bem preparado, como etnólogo, iria olhá-la como objeto de investigação construído por ele. Porém, não há como alcançar o significado dessas relações sociais apenas pelo olhar, o domínio das teorias de parentesco pelo pesquisador, torna-se indispensável. Para se chegar à estrutura dessas relações sociais, o etnólogo deverá valer-se de outros recursos na obtenção de dados, o de ouvir. O ouvir O sociólogo terá exemplo tanto ou mais ilustrativos para mostrar o quanto a teoria social pré estrutura o nosso olhar e sofistica a nossa capacidade de observação. O ouvir, complementando o olhar, participa das mesmas precondições, na medida em que está preparado para eliminar o ruídos que pareçam-lhe insignificantes, que não façam nenhum sentido no corpus teórico de sua disciplina ou para o paradigma no interior do qual o pesquisador foi