O Trabalho Do Antropologo
O olhar Oliveira argumenta que o mais importante no início do trabalho antropológico seja a domesticação teórica do olhar do antropólogo. Para isso é necessário que haja um esquema conceitual dentro da mente do antropólogo que lhe possa proporcionar um olhar teórico sobre a realidade. Para Oliveira, esse esquema “funciona como uma espécie de prisma por meio do qual a realidade observada sofre um processo de refração”. Esse esquema conceitual vai ser, obviamente, constituído por todo o conhecimento e diálogo teórico pela qual o antropólogo passou e também será influenciado pelas motivações, e necessidades que em todos os casos constituem-se como inerentes à atividade humana, impossibilitando a pura neutralidade. Esse esquema conceitual, no entanto, ganha um aspecto positivo nessa elaboração de Oliveira, uma vez que é justamente tal capacidade intelectual que caracterizará o olhar antropológico, diferenciando-o de outros olhares. Um olhar domesticado teoricamente, um olhar sensibilizado da realidade humana-social.
O ouvir Para Oliveira o olhar não pode ser tomado como uma faculdade humana independente. Os antropólogos dispõem de outros sentidos e faculdades que os permitem caminhar na estrada do conhecimento. O ouvir também é muito importante neste processo de entendimento e análise da vida humana-social. O antropólogo precisa perceber que o ouvir antropológico é um ouvir especial, um ouvir que reconhece as limitações pesquisador-informante e que busca impedir os problemas de uma relação não dialógica. Oliveira vai defender uma atitude incessante em busca de um encontro etnográfico, por uma fusão de horizontes e por um diálogo entre iguais, que precisa ser buscado apesar de impossível em sua plenitude. Oliveira recoloca a importância da observação participante, não somente para a etnologia, mas também para outras áreas da antropologia.