O trabalho do antropologo
Introdução:
O autor pretende “aflorar alguns problemas que comumente passam despercebidos”. Ou seja, chamar atenção para três etapas do trabalho etnográfico: o olhar, ouvir e o escrever. Estas três etapas, ou atos cognitivos, serão questionados por suas questões epistemológicas que possam vir a condicionar a investigação.
O olhar: Questiona a “domesticação” do olhar, através de exemplos com os índios Tikuna e suas malocas. Quando o antropólogo já tem um conhecimento prévio do que vai encontrar numa aldeia Tikuna, ele dificilmente se choca com curiosidade, pois em sua mente ele já possui um mapa do lugar da fogueira, de quem senta em volta dela, da organização familiar e etc. Até mesmo quando ele chega a aldeia e observa algumas mudanças, por meio do conhecimento de um material histórico, consegue destacar quais foram essas mudanças. O autor chama isso de “olhar etnográfico”, ou seja, um olhar “devidamente sensibilizado pela teoria disponível” ao antropólogo. O “olhar por si só não seria suficiente (...) como alcançar, apenas pelo olhar, o significado dessas relações sociais sem conhecermos a nomenclaturas do parentesco?”. Ou seja, o domínio da teoria é indispensável.
O ouvir: O autor exemplifica o ouvir da mesma forma que o Olhar. Devido ao conhecimento prévio do antropólogo, em uma entrevista, ele pode julgar que certas coisas não são necessárias para pesquisa e eliminá-las em duas perguntas. Utilizando-se do exemplo do ritual e citando Radcliffe-Brown, o autor assume que a observação do ritual é importante, mas mesmo que o pesquisador possua todo aparato teórico, jamais entenderá o ritual por completo sem usar o “modelo nativo”, ou seja, ouvir o nativo. Porém, o “ouvir o nativo” muitas vezes é feito de uma forma não muito boa. Ao fazer a entrevista há o confronto entre o “idioma cultural” do pesquisador e do nativo, não haverá, portanto, o diálogo esperado, apenas um pesquisador