O Trabalho do Antropologo
Introdução
Pareceu-me que abordar um tema frequentemente visitada e revisitado por membros de nossa comunidade profissional não seria de todo impertinente, posto que sempre valha pelo menos como uma espécie de depoimento de alguém que, há várias décadas, vem com ele se preocupando como parte de seu métier de docente e de pesquisador; e como tal, embora dirija-se especialmente aos meus pares, gostava de alcançar também o estudante ou o estudioso interessado genericamente em ciências sociais, uma vez que a especificidade do trabalho antropólogo pelo menos como o vejo e como procurarei mostrar em nada incompatível com o trabalho conduzido por colegas de outras disciplinas sociais, particularmente quando, no exercício de sua atividade, articulam a pesquisa empírica de seus resultados. “Faculdades do entendimento”, sócio-cultural, “teoria social”, questões epistemológicas que condicionam a investigação empírica tanto quanto a construção do texto, resultante da pesquisa. Três etapas apreensão dos fenômenos sociais, atos cognitivos enquanto no olhar, e no ouvir, “Disciplinados”, a saber, disciplinados pela disciplina realiza-se nossa percepção, será no escrever que o nosso pensamento exercitar-se-á da forma mais cabal, como produtor de um discurso que seja tão criativo como o próprio das ciências voltadas à construção da teoria social.
O Olhar
Talvez a primeira experiência do pesquisador de campo ou no campo esteja na domesticação teórica de seu olhar.
Seja qual for esse objetivo, ele não escapa de ser apreendido pelo esquema conceitual da disciplina formadora de nossa maneira de ver a realidade. É certo que isso não é exclusivo do olhar, uma vez que está presente em todo processo de conhecimento envolvendo, portanto, todos os atos cognitivos, que mencionei, em seu conjunto. A própria imagem ótica refração chama a atenção para isso. “Olhar etnográfico” olhar devidamente sensibilizado pela teoria disponível.