O tempo e o espaço como dimensões da cultura escolar
O tempo e o espaço são os critérios básicos da história da infância e duas categorias essenciais à cultura escolar. É na escola que as crianças e jovens sistematizam o conceito de disciplina, introduzindo-as nas regras do mundo, da vida e da cultura. A modernidade pedagógica, resolveu atribuir à infância espaços e tempos bem articulados, por forma a assegurar a governabilidade dos menores. Sem estes conceitos, a ação educativa estaria despojada de significado institucional, e os seus atores (alunos e professores) perderiam a identidade que a escola lhes atribui.
A construção social da infância, uma conquista dos tempos modernos, está em grande medida condicionada pela atribuição de espaços e tempos específicos e pela ordem que estes comportam, com a finalidade de desenvolvimento e preparação para a sua integração na comunidade dos adultos.
É com o renascimento que a infância começa a adquirir o significado psicológico e social que lhe atribuímos hoje e, que está relacionada com a ideia, de uma duração temporal apropriada e definida, em que se pretende a segregação da criança, do contacto precoce com o mundo dos adultos.
Com o início da primeira modernidade, a atribuição, sem prepósito definido, de espaços e tempos, á infância, está relacionada com a estratégia de moralização dos reformadores protestantes e católicos. Nesta fase, o tempo escolar tomou posse da infância, conferiu-lhe tempos e espaços, ocupando as suas disponibilidades, atribuindo-lhes uma determinada ordem de cultura e sociabilidade, pelo que se constituiu como variável constitutiva da identidade moderna deste grupo etário. No entanto alguns anos de escola ainda constituíam um luxo, a que poucos se podiam permitir e em que a organização económica da sociedade não julgava imprescindível.
A grande maioria era uma grande massa de excluídos, sem direito a tempos ou espaços adequados à idade ou á condição de menor. É sob a influencia desta nova