O sujeito Suposto Saber
O conceito de sujeito suposto saber segundo a teorização proposta por Lacan está ligado à transferência do analisante ao analista sendo base de tudo o que representa a transferência analítica.
O conceito enfatiza um saber latente aos ditos do analisante, não sabido por ele, pela transferência, suposta ao outro. Esse saber não-sabido do inconsciente é estruturado como uma linguagem. Portanto o fenômeno da transferência está vinculado aos próprios fenômenos da fala, na medida em que esta implica necessariamente um interlocutor. A transferência se manifesta na relação com alguém a quem se fala e deve ser pensada como sustentáculo da fala. A psicanálise descobre, entretanto, com a noção de inconsciente, que a fala não se reduz à comunicação e que se dirige ao Outro, que está ali, mesmo que não se saiba.
O analista é um ouvinte privilegiado que, do lugar do Outro, convida o analisando a falar o que lhe vier à cabeça, sem consideração pelas conveniências, conduzindo-o para a aplicação da regra analítica destacada por Freud: a associação livre. Neste convite, a presença do analista procura assegurar ao analisando que tomar a palavra não será em vão, que algo se associará e algum saber será elaborado. A situação analítica traz embutida, contudo, uma falsidade, que é a ilusão do analisando de que este saber, o saber do inconsciente, de alguma forma está constituído no analista. É a própria transferência em vigor. O psicanalista deve saber ignorar o que sabe, pois só assim que ele permite entrar em questão o sujeito do inconsciente, isto é, os saberes que estão do lado daquele que vai a procura de sua análise. O saber do mestre inibe o saber do sujeito do inconsciente. A transferência como o amor propõe uma troca em que o sujeito é amável e se vê amado pelo outro. O amor endereçado a quem supostamente tem o saber, não é outro senão o amor de transferência. Quanto ao que deve saber o analista para conduzir uma análise, Lacan chama a