Dinamica de Grupo adolescente
1= Tem como objetivo propor algumas contribuições da psicanálise para os grupos de reflexão como uma modalidade de intervenção clínica junto aos adolescentes, visando um outro contexto que não o da clínica individual tradicional, realizando-se no âmbito institucional ou social no qual se inserem (escolas, instituições de acolhimento, projetos sociais, etc).
Acreditamos que este trabalho é possível na medida em que o psicanalista possa carregar com ele um lugar, uma função que lhe permita escutar e intervir de uma forma diferenciada, considerando a transferência – ou as transferências – e a criação de espaços de fala e de reconhecimento.
3= O desenvolvimento teórico-metodológico da presente pesquisa-intervenção sobre grupos de reflexão com adolescentes ancora-se fundamentalmente nas contribuições da psicanálise, reconhecendo-os enquanto espaços de fala e construção de novos sentidos, sustentados pela transferência e pelas identificações horizontais e verticais entre os que deles fazem parte. Consideramos que em psicanálise não há clínica sem pesquisa, nem há pesquisa sem clínica, porque acreditamos em um saber que é sempre construído a partir do encontro entre um analista e um sujeito
4= Entendemos o conceito de transferência, no âmbito deste trabalho, menos enquanto repetição de um laço a uma pessoa e mais como um laço ao significante que, dirigido ao Outro/analista2, carrega uma significação, um saber inconsciente, tal como acontece com o sintoma.
Como já observava Freud, trata-se da instauração de um lugar (dimensão do simbólico), lugar de “autoridade” como definiu na sua conferência sobre transferência
(Freud, 1916-17/1972), que hoje podemos associar ao lugar do sujeito suposto saber formulado por Lacan (1964-65/1996). Lacan ancora a definição de transferência na função do sujeito suposto saber, que surge como uma conseqüência estrutural do dispositivo da análise: situação em que alguém se submete à regra fundamental da