Apesar de pertencer à esfera estrita da denominada “economia social”, manifestando forte apelo às instâncias da “sociedade civil” e à “cidadania”, e com ênfase à constituição de “parcerias”, o “terceiro setor” na América Latina, conforme Fernandes, tem obtido significativa expressividade, chegando até mesmo a adquirir destaque econômico equivalente à metade do PIB em alguns países. Nessa mesma perspectiva, Gohn (1998), evidencia a centralidade do “terceiro setor” na área econômica, sobretudo nos países avançados, se caracterizando por manter relevante desempenho no âmbito da economia formal. Refletindo sobre o processo de inserção gradual das instituições do “terceiro setor” na órbita econômica capitalista, Antunes (1999), acentua sobretudo a adequação/cooptação destas entidades à racionalidade do mundo do capital. Para o autor, o “terceiro setor” é encarado como produto da crise estrutural circunscrita no contexto das estratégias do processo de reestruturação produtiva, decorrendo deste fato a sua orgânica funcionalidade à lógica capitalista. Antunes descarta qualquer possibilidade do “terceiro setor” vir a transformar a essência destrutiva do capitalismo, sinalizando preferencialmente os seus traços conservadores frente a uma autêntica e radical mudança do padrão de sociabilidade burguês, tendo em vista a sua dinâmica de conciliação/colaboração à Ordem. Portanto, com base nas fecundas análises formuladas por Antunes sobre a real função do “terceiro setor” no interior da reestruturação produtiva, fica evidente a captura realizada pelo sistema a esta instituição, apresentando-a como uma alternativa ao nefasto processo de desqualificação e subproletarização intensificadas que golpeia profundamente o mundo do trabalho. Quanto ao segundo movimento constitutivo das estratégias implementadas à saída da crise e caracterizado pelas mudanças na intervenção do Estado, tem destaque a falência do modelo keynesiano de regulação estatal e o predomínio das teses